segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CHINA MBARETÊ



Vem de longe caminhante
Pisa firme este solo teu
Vem pra cidade
E não deixes o filho teu.

Plantou e colheu
Saiu e vendeu
Trouxe um pouco de nada
Vê?.. pode ser uma fada...
Plantou e não colheu
Saiu e não vendeu
Trouxe um pouco de cada
Das migalhas mal dadas.

Espera lua chegar.
Ao sentir contrações no leito do rio
De cócoras deixa de ser frágil.
Vê a lua grande
Vê a lua pequena
Um eco surdo a mata ouve
Um choro neném a mata ouve.
Levanta, caminha às águas
Lava o curumim
Veste-o com ñanduti
A mata reverencia o mita’í
Ha pe china mbaretê.

Não sabe se tem um dia
Sabe de teu dia a dia.
Querem tua terra
Não poderá plantar avatí
Luta, mãe guarani!
Não deixes que acabe o povo americano!
Mostra a todos que sabe
O valor que tem a terra.

E se perguntarem dos aborígenes
Diga que sois guarani
E não há engano
Quanto a origem!

Vem de longe caminhante
Pisa firme o solo que foi teu
Vem ao mundo civilizado
Buscar pão jogado.
Plantou e colheu
Saiu e vendeu
Pagaram pouco, quase nada
Valeu a pena tua jornada?

Plantou e não colheu
Saiu e não vendeu
Chamaram de vagabundo
Quem nunca agrediu o mundo
Não chores mãe guarani!
Olha o filho que toma teu seio
Diga a ele para ser como guerreiro Poti
Sonha com teu mundo por inteiro.

Vá, mãe guerreira!
Ensina tua semente
A ser índio somente.
Vá, mãe verdadeira!
Crie teu mita’í
Não deixe acabar a alma guarani
Vá, mãe guarani!
Leva esta minha homenagem
Na tua força, garra e coragem
Aos que nasceram de ti.

EEPSG MJP Reis Veloso – maio de 1989

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