terça-feira, 29 de dezembro de 2009

COMENTÁRIO


Quando terminei de ler "O Vendedor de Sonhos" do Augusto Cury, escrevi na folha de rosto do livro:

Eu durmo com o desconhecido desde que nasci. Eu durmo comigo mesmo há quase quarenta anos.

(12.11.09 às 15h e 05min)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

LEITO DE RIO


Eu estou secando. Estou ficando bicolor apenas. Meu mundo esta

se transformando em preto e branco,

não que não seja lindo a imagem em preto e branco, mas sinto que estou perdendo cores. Essa cor que o amor dá aos dias,

às noites, ao pensamento, aos sonhos.

Até mesmo o rio que não passa na minha aldeia está preto e branco.

Meus lábios, de um vermelho intenso,

se escondem num tom rosé.


Outrora o amor me fazia pigmentos diversos e realizava cores de todas as matizes. Essa chama que impulsiona o vapor da alma,

a beleza inconteste do ser que se ama, não encontro dentro de mim.

Sabe, é como se eu estivesse hibernando de mim mesmo. O amor tem sido artigo raro e amar, tem sido uma vaga lembrança de minha adolescência.


Já não tenho certeza se haverei de sentir de novo o que me tornará fonte de várias cores. Sei que o que senti tem a intensidade do eterno, além do para sempre enquanto dure. O amor que pousou em mim fez-se único. Não acredito que eu seja de vários amores, pois o que tive esgotou em si todos os vindouros.


O amor, a amizade, as palavras brotam no repente... Não é correto querer sufocar o leito de um rio. Assim é o que um poeta escreve. Um leito de rio, ora amplo, ora estreito, mas sempre profundo na essência.



15.03.09 às 23h e 16min

AFINAL



Da vida só tenho

O que não puderam roubar-me:


O dia

A noite

O sol

A lua.


Embora a chuva não seja minha

O meu pranto lava.


Não queria me ensinar a rima!

Que sabes tu?

Tenho o dia, a noite,

O sol, a lua

E, por fim, também a rua.


Que belo desfecho.


Quem sou eu afinal?



13.01.95 às 16h

LUMIAR




Não acredito na palavra

Dita no reverso da alma

Nas coisas que

Apagam a chama.


Em cada esquina

Em cada canto

Em cada suspiro

Há um lamento

Que não merece existir.


Você pode iluminar

As palavras

Os gestos

As formas.


Insano é buscar

Ser escuridão.


O dia é uma luz virtude

A noite uma penumbra necessária

Meu corpo vive de luz

E descansa na penumbra.


A vida é um sentido

Que só tem sentido

Dentro de nós.



09.12.09 às 11h e 38min.


APEGO



Em ti vejo

Por ti respiro

Não encontro forma

De afastar esse apego.


Você impede meu sorriso

Permite o pouso da dor

Na alma, derrama fel.


Não tenho escolha

Nessa estrada sem fim

Meu corpo dilacera

Minha voz é muda

Apartada de mim.


A tua imagem persegue

O pensamento que me trai

Sinto o que não devo.


Em cada dia

Em cada noite

Versos mal acabados

Restam no poema que escrevo.



07.06.04 às 21h e 51min.



quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

QUARENTINHA


É... Estou aqui neste dia que abro a quarta década de vida.
Não estou sentado à beira do caminho. Estou no caminho. Confesso que não sei se vou adiante ou retorno daqui.

Se continuo a me decepcionar ou me fecho nas lembranças das belas tardes de Coronel Sapucaia e seu vôlei no campinho de chão batido da Avenida Internacional.

Achei que nessa altura da vida não veria mais a cavalaria avançando sobre trabalhadores e estudantes como ocorreu ontem em Brasília.

Há uma angústia de não poder fazer nada.

Essa corrupção que assola o Brasil até quando vai triunfar?

Olhe que por conta dela Rui Barbosa envergonhou-se de ser honesto.

Eu aqui quarentinha, na Globo minissérie Cinquentinha...

Amigos desculpem o trocadilho.


(10.12.2009 às 15h e 37 min)